Com o tempo a gente aprende a não esperar “bom dia” de pedra, nem elogios de poste. Aprende que tem gente que não sabe ser Sol, nem Brigadeiro de festa. E não adianta o quanto você se esforce, não adianta, tem gente que nasceu para ser janela sem paisagem, varanda sem brisa, vaso sem flor, mão sem afago. Tem gente que não sabe ser casa, nem colo.
Tem gente, meu amigo, que não sabe fazer cafuné.
E cafuné é coisa que não se cobra e nem se pede. Muito menos se ensina. É arte. Cafuné daqueles bons tem de vir como um ato independente.
É quando uma mão displicente sai passeando pelos cabelos do outro que está por perto e fica tudo resolvido num acordo tácito “Eu não me mexo e você continua, ok?”.
Cafuné é a arte de reter alguém por segundos, e pra vida toda.